sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Como foi a Descentralização Industrial ?


Resumo


A indústria brasileira tem passado por um forte processo demodernização e desconcentração espacial nos últimos anos. Aguerra fiscal entre as várias unidades da federação, os saláriosmais baixos nas regiões menos desenvolvidas, a proximidade defontes de matérias-primas e o desenvolvimento do Mercosul têmprovocado o deslocamento da indústria em direção a diferentesregiões. Alguns estados têm se destacado, beneficiando-se doprocesso de descentralização industrial. Enquanto o emprego sereduz na maior parte do país, estados como o Paraná na regiãoSul, o Ceará no Nordeste e os vários estados da região Centro-Oeste mostram um grande dinamismo, recebendo novas empresasindustriais e apresentando forte crescimento do emprego.


Reportagem


O cruzamento das informações setoriais e regionais per-mite que se entenda melhor a dinâmica do processo dedescentralização industrial observado no Brasil. Nesta seção,será feita uma tentativa de caracterização dos principais movi-mentos do emprego ocorridos no país ao longo dos anos no-10venta de forma estilizada

Embora permanecendo a maior geradora de empregoindustrial do país, a região Sudeste sofreu redução em suaparticipação relativa no emprego em 11 dos 13 segmentos in-dustriais analisados, sendo superior a cinco pontos percentuais em sete casos. A principal beneficiária foi a região Sul, elevando sua participação em dez setores

Em nove segmentos, onde houve redução da participaçãoda região Sudeste no emprego industrial, cresceu a participa-ção da região Sul. Entre eles, encontram-se os mais modernose com maiores índices de desenvolvimento, como material detransporte, mecânica e material elétrico e de comunicação. Écomo se as duas regiões mais desenvolvidas do país estives-sem num processo de troca, com deslocamento do empregodo Sudeste para o Sul. Este resultado corrobora a excelenteperformance do emprego industrial verificada no Paraná, mencionada anteriormente

Em cinco segmentos industriais, houve forte transferênciado emprego entre as duas regiões, com redução superior acinco pontos percentuais na região Sudeste e crescimentosemelhante na região Sul. Além dos três de alto e médio-altodesenvolvimento acima mencionados, podem ser adicionadasa indústria têxtil, vestuário e artefatos de tecidos e a indústria deborracha, fumo, couros peles e diversos. Portanto, houve tam-bém a transferência de segmentos menos desenvolvidos daregião Sudeste para a região Sul, como no caso da indústria têxtil, vestuário e artefatos de tecidos, classificada no grupo demédio-baixo desenvolvimento.

Nas demais regiões, as situações são diferenciadas entresi. Houve elevação significativa da parcela do emprego na re-gião Centro-Oeste em cinco segmentos industriais – produtosalimentares, bebidas e álcool etílico; têxtil, vestuário e artefatosde tecidos; madeira e mobiliário; produtos de minerais não14. São,metálicos; borracha, fumo, couros, peles e diversosusualmente, segmentos tradicionais, produtores de bens deconsumo não duráveis ou semi-duráveis, ou de bens interme-diários, dependentes de matéria-prima muitas vezes produzidana própria região. Este é o caso, por exemplo, da agroindústriae das indústrias de madeira e mobiliário e de produtos de mi-nerais não metálicos. Cabe notar que dos cinco segmentosmencionados acima, um foi classificado como médio-médiodesenvolvimento, três como médio-baixo e um como baixo de-senvolvimento.

Conforme já apontado antes, a região Centro-Oeste foi aúnica no país a experimentar crescimento absoluto do empregoindustrial na década de noventa, fato este que se repete em dezdos 13 segmentos industriais analisados. Embora representan-do apenas 3,9% do emprego industrial do país em 1998, a re-gião Centro-Oeste desponta com condições favoráveis parauma indústria que segue o deslocamento da fronteira agrícolanaquela região. Não é por outra razão que seu emprego naindústria de produtos alimentares, bebidas e álcool etílico pas-sou de 4,2% para 8,4% do total do país no período, represen-tando o setor industrial mais importante na região em termos deemprego.

A situação encontrada na região Nordeste possui algumasemelhança, mas também diferenças importantes, em relaçãoà observada na região Centro-Oeste. Houve aumento de suaparticipação no emprego em cinco segmentos industriais, sen-do muito significativa no caso de calçados e extrativa mineral.No primeiro caso, trata-se da transferência de empresas doSul-Sudeste, em busca de mão-de-obra mais barata, enquantono segundo, representa um setor específico, que opera direta-mente sobre os minérios existentes localmente. A região Nor-deste aumentou também sua participação no emprego na in-dústria têxtil, de vestuário e artefatos de tecidos, setor quepassou por um forte processo de modernização (no caso datêxtil) e que paga baixos salários.

Produtos de minerais não metálicos e material elétrico ede comunicação são os dois outros segmentos industriais ondehouve crescimento relativo da região Nordeste. O primeiro é umtípico setor tradicional, classificado como de médio-baixo de-senvolvimento. O segundo, entretanto, foi classificado na cate-goria de médio-alto desenvolvimento, mas a participação regional no emprego é ainda pequena (4,6%).

A região Nordeste teve forte queda de participação noemprego em produtos alimentares, bebidas e álcool etílico,permanecendo ainda com elevada parcela no total do país (21,9%). Houve redução também em química, produtos farma-cêuticos e veterinários, perfumaria e sabão. Sua participaçãopermaneceu relativamente inalterada em seis segmentos in-dustriais.

Duas observações merecem ainda ser feitas em relaçãoàs mudanças observadas no Nordeste. Em primeiro lugar, aindústria de calçados possui um dos piores índices de desen-volvimento setorial. Seus índices são baixos em todas as regi-ões, inclusive no Sudeste e no Sul, de onde vieram as novasempresas lá instaladas. Tal fato sugere que os benefícios fis-cais podem ter pesado mais do que os diferenciais salariais nadecisão de transferência das empresas de calçados para aregião Nordeste. Em segundo lugar, os índices de desenvolvi-mento encontrados na região Nordeste nos outros quatro seto-res onde sua participação do emprego aumentou possuemvalores usualmente mais baixos que nas demais regiões, suge-rindo que os baixos salários regionais parecem ter sido umelemento importante na atração das empresas para a regiãoNordeste.

A região Norte elevou sua participação em dois setorestradicionais - um de médio-alto desenvolvimento (papel, pape-lão, editorial e gráfica) e outro de baixo desenvolvimento (madei-ra e mobiliário) - e perdeu em outros dois, mantendo inalteradasua posição relativa nos demais. A principal perda ocorreu emmaterial elétrico e de comunicação, onde sua parcela caiu de11,3% para 7,7% do emprego, decorrente da crise que atingiua Zona Franca de Manaus na década.

Resumindo a discussão desta seção, pode-se afirmarque a principal mudança no emprego industrial verificada nadécada de noventa foi a redução da importância da regiãoSudeste e o crescimento da região Sul. Esta redução foi oca-sionada não apenas pela forte queda do emprego no principalpólo industrial do país (São Paulo), mas também no Rio deJaneiro. Para a região Sul, foi dirigida importante parcela do emprego perdido pela primeira, tanto nos setores mais modernos quanto nos tradicionais.

A região Centro-Oeste também se beneficiou bastantedo processo de deslocamento regional do emprego, elevandosua parcela na maior parte dos segmentos industriais, principal-mente naqueles que demandam mão-de-obra barata, de baixaescolaridade e/ou que dependem de matérias-primas locais.Em geral, tais segmentos foram classificados como de médioou baixo desenvolvimento. Embora com nível de emprego aindarelativamente pequeno, a tendência de crescimento da impor-tância da região é generalizada, sendo verificada em todos osestados nela localizados.

As transformações observadas na região Nordeste ocorreram nos dois sentidos. Ao mesmo tempo em que houve aumento de sua importância no emprego em alguns setores tra-dicionais e de menor nível de desenvolvimento, dependentes demão-de-obra barata e/ou matéria-prima local, foi observadaqueda em outros. O exemplo clássico do primeiro movimentofoi observado nas indústrias de calçados e extrativa mineral. Dosegundo, em produtos alimentares, bebidas e álcool etílico.

Finalmente, o fato da região Sul ser a segunda mais de-senvolvida do país, possuindo salários inferiores aos da regiãoSudeste, participando intensamente da guerra fiscal, além desua proximidade dos países do Mercosul, fizeram desta regiãoo destino de inúmeras empresas industriais que para lá se dirigiram, especialmente para o Paraná. Diferentemente das demais regiões, entretanto, a região Sul atraiu empresas de seto-res com os mais distintos níveis de desenvolvimento, inclusiveos mais modernos da indústria.

Um comentário:

h disse...

bom o texto mas a ortografia ta péssima em meu caro! vê se verifica a ordem gramatical do texto antes de postar no blog! que vexame ! tsc tsc . u.u